A Psicologia dos Modelos de Linguagem de Grande Porte (LLMs)

    A ideia de que sistemas de Inteligência Artificial (IA) podem ter características parecidas com as de humanos já é bastante discutida. Com o crescimento do uso dos Modelos de Linguagem de Grande Porte (LLMs), os pesquisadores começaram a estudar como esses modelos funcionam, especialmente em relação à psicologia. Estão se perguntando se esses sistemas realmente entendem a linguagem e fazem raciocínios semelhantes aos humanos.

    Estudos já mostraram que os LLMs, como o GPT-3, possuem uma “personalidade média” quando comparados a grupos de pessoas. Isso significa que eles têm valores que consideram mais ou menos importantes e que se encaixam em um perfil demográfico de adultos jovens. Além disso, especialistas afirmam que os LLMs têm a capacidade de atribuir crenças a outros, o que é conhecido como Teoria da Mente.

    Recentemente, houve uma discussão sobre o GPT-4, que foi treinado com muita tecnologia e dados. Pesquisadores mencionaram que esse modelo apresenta indícios de inteligência geral, uma capacidade que envolve raciocínio, resolução de problemas e aprendizado a partir da experiência. Alguns cientistas sociais estão até sugerindo que os LLMs possam ser usados como alternativas para participantes humanos em estudos psicológicos.

    No aumento do interesse pela psicologia dos LLMs, muitos estudos mostram que esses sistemas respondem de forma semelhante aos humanos em diversas situações. Por exemplo, o GPT-4 se destaca em desafios acadêmicos e profissionais, apresentando resultados que se aproximam do que humanos apresentam em testes similares.

    Estudiosos em áreas como psicologia e economia apontam que os LLMs podem ser vistos como modelos computacionais que imitam seres humanos. Pesquisas revelam que o GPT-3 tem características que se alinham com a personalidade e valores de pessoas. Contudo, as conclusões são frequentemente generalizadas para toda a espécie humana, sem considerar as diferenças que existem entre as diversas populações.

    Surpreendentemente, muitos estudos sobre LLMs não levam em conta a diversidade psicológica dos humanos no mundo. Resultados de várias pesquisas mostram que diferentes culturas apresentam variações em aspectos psicológicos que são importantes, como moralidade e preferências sociais. Por exemplo, populações consideradas “WEIRD” (Ocidentais, Educadas, Industrializadas, Ricas e Democráticas) têm um comportamento que pode ser único em comparação a outros grupos.

    Essas populações tendem a ser mais individualistas e menos ligadas a tradições ou autoridades, o que pode influenciar a forma como interagem socialmente. Além disso, estudos sobre habilidades visuais e raciocínio revelam que processos que parecem simples podem mostrar grandes diferenças entre culturas.

    A diversidade da linguagem também impacta a cognição. Variações nas habilidades linguísticas entre diferentes grupos podem afetar como pensamos e percebemos o mundo. A pesquisa indica que os humanos são uma espécie profundamente cultural, adaptada para aprender com os outros, mostrando corresponder em grande parte ao que é carro-chefe na nossa sociedade.

    Se a cultura tem um papel tão significativo na psicologia humana, a questão não é apenas se os LLMs aprendem comportamentos humanos, mas quais humanos influenciam esse aprendizado. Esses modelos são alimentados com uma grande quantidade de dados, mas o que eles realmente aprendem e aplicam é um mistério, principalmente porque muitos desses dados têm uma influência predominante dos grupos WEIRD, já que populações menos conectadas à internet não contribuem com esses dados.

    Para exemplificar isso, as Nações Unidas estimam que quase 3,6 bilhões de pessoas no planeta ainda estão desconectadas da internet. Isso implica que muitos aspectos da vivência humana não estão sendo capturados e, portanto, as IAs podem ser tendenciosas em suas respostas e comportamentos.

    Além disso, empresas de inteligência artificial tentam minimizar os preconceitos em seus modelos para que o conteúdo que produzem não seja prejudicial ou ofensivo. No entanto, essas tentativas podem fazer com que os LLMs se afastem de comportamentos humanos reais, que muitas vezes incluem opiniões divergentes e controversas. As normas e o que é considerado ofensivo variam muito entre sociedades, complicando ainda mais a questão.

    A comunidade científica deve se preocupar com quais grupos de humanos estão dominando os dados usados para treinar LLMs. Além disso, é importante entender quais opiniões humanas estão sendo utilizadas para eliminar preconceitos desses modelos.

    Com a crescente importância de entender a psicologia dos LLMs, muitos especialistas concordam que é essencial considerar as diferenças culturais e linguísticas que podem influenciar o comportamento desses modelos.

    Para isso, pesquisadores utilizam diversas ferramentas psicológicas. Por exemplo, usam dados de pesquisas interacionais, como a World Values Survey (WVS), para comparar os LLMs com a diversidade psicológica humana atual. Eles realizam testes que mostram que os LLMs processam informações de uma maneira que tende a se alinhar aos padrões de comportamento WEIRD.

    Por fim, os estudos revelam que a percepção dos LLMs sobre o “humano médio” é tendenciosa e, em grande parte, focada nas características dos grupos WEIRD, que não representam a maioria da população mundial. Com isso, fica claro que entender essa diversidade é fundamental para que possamos ter uma compreensão mais precisa do funcionamento e impacto dos LLMs na sociedade. A relevância dessa área de estudo é crescente, e compreender as nuances é crucial para o desenvolvimento futuro da IA.

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    Formado em Publicidade e Propaganda pela UFG, Nathan começou sua carreira como design freelancer e depois entrou em uma agência em Goiânia. Foi designer gráfico e um dos pensadores no uso de drones em filmagens no estado de Goiás. Hoje em dia, se dedica a dar consultorias para empresas que querem fortalecer seu marketing.