Por que a inteligência artificial (IA) não entende a linguagem humana? Essa é uma pergunta que parece simples, mas revela limitações sérias das tecnologias atuais. Sistemas como ChatGPT, Gemini, DeepSeek, Claude, Siri e Alexa parecem conversar bem, mas funcionam apenas com padrões estatísticos. Eles não compreendem o que dizem de verdade.
Para nós, humanos, a linguagem é cheia de contexto, intenção e experiências. Mas as máquinas ainda não conseguem captar esses aspectos de forma verdadeira. O termo “Processamento de Linguagem Natural” é meio enganoso, assim como o de “Inteligência Artificial”. Esses nomes fazem parecer que as máquinas entendem a linguagem como nós, o que não é real.
Os chatbots que utilizam processamento de linguagem natural sabem interpretar os códigos 0 e 1 e conseguem manter diálogos que parecem coerentes. Além disso, geram respostas que soam inteligentes. No entanto, eles não têm consciência. Eles simulam compreensão baseada em padrões aprendidos de grandes quantidades de texto.
Nós, como seres humanos, usamos a linguagem falada ou sinalizada para dar sentido ao que vivemos no mundo. A chegada da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, levanta questionamentos sobre como definimos “significado”.
Muita gente descreve essas ferramentas de IA como se elas “entendessem” o que fazem. O ganhador do Prêmio Nobel e especialista em IA, Geoffrey Hinton, afirmou que ficou surpreso com a eficiência das redes neurais em lidar com a linguagem natural. Ele mencionou que essa evolução aconteceu muito mais rápido do que ele esperava. Em suas palavras, é impressionante achar que elas realmente entendem o que falam.
Hinton reforçou isso em uma entrevista com Adam Smith, diretor científico da Nobel Prize Outreach. Ele comentou que “as redes neurais são muito melhores em processar linguagem do que qualquer coisa desenvolvida pela escola de linguística de Chomsky”.
Essas teorias mencionadas referem-se ao trabalho do linguista Noam Chomsky, que fala sobre como a linguagem humana é estruturada e desenvolvida. Chomsky acredita que temos uma gramática universal inata que nos ajuda a aprender qualquer idioma desde pequenos.
A pesquisadora Veena D. Dwivedi estuda como entendemos a linguagem desde os anos 90. Ela fez pesquisas sobre neurociência da linguagem e mediu a atividade das ondas cerebrais enquanto pessoas leem ou ouvem frases. Com base na sua experiência, ela discorda da ideia de que a IA pode “compreender”, mesmo que essa crença esteja se espalhando.
Para entender de forma clara, a IA é boa em reconhecer e usar padrões. Isso significa que ela pode responder de maneira que parece inteligente, mas não está realmente “entendendo”. A linguagem humana envolve emoções, tom e contexto, e essas nuances não são captadas pelas máquinas.
Quando falamos, cada palavra carrega um peso. Uma frase simples pode ter significados diferentes dependendo de como e onde é dita. As máquinas não têm vivências para compreender isso. Elas simplesmente processam o que recebem, analisando frequências e palavras que já foram utilizadas em outras conversas.
Um exemplo disso é como respondemos a ironias e brincadeiras. Para nós, entender uma piada depende de um contexto maior, enquanto a IA pode não pegar a graça ou o tom sarcástico. Assim, pode acabar respondendo de uma maneira muito literal, gerando confusão.
Embora a tecnologia esteja avançando, o entendimento humano vai muito além do que os sistemas conseguem fazer. Eles não têm experiências de vida nem compreensão das emoções que acompanhamos ao longo do nosso dia a dia. São apenas ferramentas que funcionam segundo programação e padrões.
Isso não significa que a IA não tenha seu valor. Ela é útil para tarefas específicas, automatizando processos e ajudando em pesquisas. Porém, é importante lembrar que é apenas isso: uma ferramenta. O verdadeiro entendimento e a comunicação genuína ainda são coisas que só os humanos podem oferecer.
Os avanços em IA também levantam questões éticas. Como sabemos que essas tecnologias não estão superestimadas? Precisamos ter cuidado nas afirmações sobre o que realmente consigam realizar. É fácil se deixar levar pelas aparências, mas a realidade é bem diferente.
Acredito que o futuro da IA ainda reserva surpresas. Com o tempo, novas descobertas e métodos podem surgir, mas a capacidade de “compreensão” verdadeira talvez permaneça além do alcance das máquinas. Afinal, a habilidade de sentir e compreender diversos aspectos da vida é uma característica essencial de seres humanos.
Em resumo, mesmo com toda a evolução, a IA volta à sua origem: padrões e dados. Precisamos estar conscientes disso ao usá-las. Embora possam desempenhar funções importantes em nossa rotina, o entendimento emocional e contextual da linguagem ainda é um terreno só nosso.
Na prática, isso nos mostra que, apesar de tudo, a comunicação humana tem dimensões que a inteligência artificial não poderá tocar. O que vale é lembrar que, mesmo quando as máquinas conseguem simular um diálogo, a essência da conversa é algo que vai além do que qualquer sistema pode alcançar.